Quando cheguei ao alto das pedras a lua refletia no mar e havia uma mulher parada, de costas para mim, de frente para aquela espetáculo noturno presenciado por poucos. Seus cabelos voavam devido ao vento, ela estava arrepiada, sua pele era clara e brilhava na luz da lua. Ela era linda, lembrava uma daquelas criaturas míticas maravilhosas que nós, humanos, somos capazes de criar (e acreditar). E eu sentia sua aura. Era maravilhosa, doce, carregada de desejos e paixões, mas de tristezas também.
Pouca foi minha surpresa quando percebi que passara horas observando-a. Difícil descrevê-la fielmente. Tinha cabelos castanhos enrolados, não muito alta e de pele alva. Percebeu minha presença antes mesmo que estivesse ali, mas não se mexeu. Apenas algum tempo depois de minha chegada me tirou de meus devaneios com sua voz calma, que mais parecia uma melodia.
Pediu-me perdão por estar ali e roubar minha noite de segredos. Disse que não iria voltar, certos momentos devem ser nossos refúgios secretos. Mas ela se tornara meu refúgio secreto. Perdi-me em seus olhos negros e, não lembro com que palavras, pedi-lhe que ficasse. E ela sorriu.
Há muito tempo não via um sorriso tão cativante e poderoso e me perdi novamente em devaneios. Andei até ali para fugir de pessoas e agora o que mais desejava era sua companhia. Não importa o quanto eu viva ou tenha vivido, nada pode ser comparado aquele momento. E eu havia apenas acabado de conhecê-la.
Ficamos ali até o nascer do sol. Ela em pé, sentindo o vento acariciar-lhe o rosto, os olhos fechados, tomando consciência de si mesma. Eu sentado no chão, olhando o caminho que seus cabelos faziam, as curvas de seu corpo sob a luz da lua, vendo sua pele se arrepiar e sentindo sua presença. Sem palavras.
Assim que a luz do sol tocou sua face, ela abriu os olhos e se despediu, dizendo que logo nos veríamos novamente.