quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Da lua ao nascer do sol

      Quando cheguei ao alto das pedras a lua refletia no mar e havia uma mulher parada, de costas para mim, de frente para aquela espetáculo noturno presenciado por poucos. Seus cabelos voavam devido ao vento, ela estava arrepiada, sua pele era clara e brilhava na luz da lua. Ela era linda, lembrava uma daquelas criaturas míticas maravilhosas que nós, humanos, somos capazes de criar (e acreditar). E eu sentia sua aura. Era maravilhosa, doce, carregada de desejos e paixões, mas de tristezas também.
      Pouca foi minha surpresa quando percebi que passara horas observando-a. Difícil descrevê-la fielmente. Tinha cabelos castanhos enrolados, não muito alta e de pele alva. Percebeu minha presença antes mesmo que estivesse ali, mas não se mexeu. Apenas algum tempo depois de minha chegada me tirou de meus devaneios com sua voz calma, que mais parecia uma melodia.
      Pediu-me perdão por estar ali e roubar minha noite de segredos. Disse que não iria voltar, certos momentos devem ser nossos refúgios secretos. Mas ela se tornara meu refúgio secreto. Perdi-me em seus olhos negros e, não lembro com que palavras, pedi-lhe que ficasse. E ela sorriu.
      Há muito tempo não via um sorriso tão cativante e poderoso e me perdi novamente em devaneios. Andei até ali para fugir de pessoas e agora o que mais desejava era sua companhia. Não importa o quanto eu viva ou tenha vivido, nada pode ser comparado aquele momento. E eu havia apenas acabado de conhecê-la.
      Ficamos ali até o nascer do sol. Ela em pé, sentindo o vento acariciar-lhe o rosto, os olhos fechados, tomando consciência de si mesma. Eu sentado no chão, olhando o caminho que seus cabelos faziam, as curvas de seu corpo sob a luz da lua, vendo sua pele se arrepiar e sentindo sua presença. Sem palavras.
      Assim que a luz do sol tocou sua face, ela abriu os olhos e se despediu, dizendo que logo nos veríamos novamente.

Noite de outono

Ela amou cada criatura que passou em seu caminho. Ela sentiu cada brisa que tocou sua pele. Ela viveu cada momento como se fosse o último e ela aceitou cada desafio como se fosse seu primeiro.
Quando a conheci, Lila já tinha muitos anos e ainda era jovem, muito jovem. E, mesmo vivendo tanto, ela jamais se cansava das coisas do mundo. Ela mesma sempre dizia que nosso mundo sempre vai ter coisas novas a oferecer.
Era uma noite limpa de outono e eu fui à praia ver a lua cheia. A lua sempre foi cheia de mistérios e me agrada sair às vezes, a noite, e ficar só olhando a lua, o mar. É extremamente raro encontrar alguém quando estou caminhando e mais difícil ainda encontrar outra pessoa no local em que paro para observar a lua.Talvez seja pela dificuldade em escalar as pedras que, depois de tantos anos fazendo o mesmo caminho, já não é um empecilho para mim, mas a paisagem é realmente maravilhosa e sempre achei que valesse o esforço.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Lilla

Ela acreditava em muitas coisas, mas acho que acima disso poderiamos dizer que ela acreditava nas pessoas. Mais ainda nas pessoas que amava. Descobriu com o tempo que precisava viver um dia de cada vez, mas sempre vivera intensamente.
Lilla gostava de estar, só estar. Ela gostava de ter, por ter, mas não se engane. Ela gostava de ter gente, de ter sentimentos, de ter sonhos, de ter momentos, de ter sorrisos, de ter olhares. Gostava de ter vontade, de ter desejo, de ter amor. Por ter, por que ter lhe fugia do comum. Não do comum das pessoas, do seu comum.
Uma das coisas mais intrigantes que aprendi sobre ela foi que ela gostava de ler. Só que ela não bem lia, ela vivia, e isso a tornava diferente. Uma vez pedi que lesse uma história para mim, eu só precisava ouvi-la, mas quando olhei em seus olhos percebi que ali existia aquele mundo de verdade e aquilo foi encantador.
Em algum momento de sua vida, Lilla descobriu que podia ter também seus sonhos na sua realidade e, a partir daí, deixou que sua vida representasse o que sentia, o que vivia e o que desejava.


sábado, 2 de junho de 2012

A história

Não é uma história sobre anjos e demônios, amores impossíveis, ou amores. Não é uma história tão longe assim, mas também não tão perto da realidade de muitos. Pode-se dizer que é uma história sobre os sonhos, sonhos que o homem sonha sempre, dormindo ou acordado, sonhos que são o que movem o ser humano, sonhos que constroem nossos dias e nossos amores.
Começo nossa história apresentando nossa personagem. Talvez, leitor, não goste dela, talvez se identifique com ela, mas meu objetivo é contar-lhe sua história.
Ela era uma garota sonhadora. Digo era não por algo que tenha ou não acontecido a ela, mas porque ela acreditava que o tempo não existe e o que passou, se conjuga no passado. Nada melhor que respeitar seus conceitos desde já então.
Bem, ela é/era uma garota sonhadora. Afinal, como todos somos, mas ela conhecia seus sonhos e preferia viver ali, no mundo deles. Sua história poderia começar então na sua adolescência. Ela amava, sempre amou. Ela sonhava, sempre sonhou. Mas ela descobriu, naquele dia, uma coisa que mudaria para sempre a sua vida.
Mas antes vou explicar quem ela era, o que desejava e quem amava...